Hoje em dia estamos imersos em imagens, necessitamos delas como forma de compreensão e de conhecimento do mundo envolvente. A educação para o convívio com a imagem deve ser uma emergência de literacia cultural e tecnológica. Elaborar estratégias concretas para que a escola possa contribuir para que os jovens desenvolvam a competência de analisar, compreender e interpretar de forma crítica a avalanche de imagens à qual estão expostos é uma questão urgente. O uso do audiovisual, por exemplo, por parte de um professor de língua portuguesa, permite ilustrar, ampliar, aprofundar um tema de estudo, um objetivo específico de trabalho. O audiovisual pode servir de base para um trabalho sobre a linguagem que está a ser utilizada em dado caso. Neste caso, o trabalho focaliza propriamente o uso da língua portuguesa: estruturas específicas da língua oral, géneros orais, vocabulário, efeitos pragmáticos de escolhas estilísticas, níveis de linguagem, dialectos ou variação. Desenvolver competências e habilidades linguísticas que conduzam o estudante a saber ouvir, falar, ler, escrever e analisar a língua nas diversas situações de uso da linguagem verbal e com diversos objetivos. Essas competências configuram-no como cidadão capaz de agir por meio da linguagem.
No que se refere à habilidade de ouvir/ver, é importante observar que:
- os objetivos devem estar claros para todos (são definidos antes do início da atividade);
- as atividades podem ser planeadas em conjunto (a negociação com os alunos garante o compromisso);
- o professor observa as atitudes dos alunos e reorienta a atividade (às vezes é necessário rever o todo ou partes para esclarecimento de dúvidas);
- a avaliação e a auto-avaliação podem ser desenvolvidas durante o processo (Todos estão a compreender?Quais as dificuldades? São dificuldades técnicas? É o vocabulário? Estás-te a esforçar ao máximo?);
- a apreciação positiva dos avanços estimula o crescimento;
- atividades associadas estimulam o envolvimento. Por exemplo: escrever ou falar sobre o tema depois de ouvir e ver;
- por meio das atividades com TV/vídeo, os estudantes entram em contato com géneros orais específicos e podem analisar detalhadamente o seu funcionamento e a sua estrutura: entrevistas, debates, conversa semi-informal, reportagens, comentários, instruções, propaganda, publicidade, telenovela, narrativas de ficção entre outros.
- o domínio da expressão oral desenvolve-se nas atividades em que é possível falar com objetivos diferentes dos da conversa informal;
- todos nós gostamos de falar sobre o que conhecemos;
- os debates e a troca de impressões esclarecem e enriquecem a compreensão;
- é preciso orientação para o controle do nível de formalidade (vocabulário, formas de tratamento do interlocutor e estruturas sintáticas) a ser usado no debate;
- as regras de etiqueta na conversação formal devem ser discutidas e esclarecidas;
- Atividades associadas estimulam o envolvimento. Por exemplo: elaboração de relatório escrito, ou apresentação de trabalhos com resumos dos debates.
- A partir das atividades com TV/vídeo, os estudantes podem exercitar géneros orais específicos como: entrevista, debate, conversa semi-informal, reportagem, comentário, instruções, propaganda, publicidade, telenovela, documentários, narração de acontecimentos (jogos, eventos, acidentes, catástrofes, fatos políticos), narrativas de ficção, entre outros.
- Quem conduz a mensagem principal do texto?
- Quais são as opiniões divergentes apresentadas?
- Que temas sociais são representados?
- Qual o género do filme?
- Com quais procedimentos devo interpretar a mensagem?
- Qual é o objetivo?
- Qual é o veículo utilizado?
- Quais os recursos utilizados?
- Como esses recursos são utilizados?
- Com que objetivo são utilizados?
- Que associações permitem que o leitor/espectador faça?
- Quais são as informações novas que o texto veicula?
- Como essas mensagens e informações se relacionam com a vida atual?
- Que este autor pensa desse assunto? Em que discorda dos que já conheço? O que acrescenta à discussão?
- Que fenómenos estão em jogo nessa mensagem?
- Qual é o conceito, a definição desse fenómeno?
- Quais são os argumentos em jogo?
- Com quais argumentos eu concordo e de quais eu discordo e por quê?
- Como ocorreu esse facto? Onde? Quando? Quais são as suas causas? Quais são as suas consequências? Quem estava envolvido? Quais são os dados quantitativos citados?
- Que é mais importante nesse texto? O que eu devo anotar para utilizar depois?
Quando começamos uma leitura sem nenhuma pergunta prévia, temos mais dificuldade em identificar aspectos importantes, reconhecer o género, reagir adequadamente, distinguir partes do texto, hierarquizar as informações. O trabalho com o audiovisual permite uma infinidade de atividades voltadas para a ampliação do universo lingüístico e cognitivo dos alunos. O professor estabelece inicialmente os objetivos, empreende a análise prévia das possibilidades do material audiovisual, seleciona os tópicos que devem ser focalizados no grupo, planeia as atividades adequadas aos objetivos, sempre deixando uma margem de flexibilidade, para que o trabalho interativo com os alunos, possa, redirecionar a trajetória de acordo com as necessidades do momento. O desenvolvimento das apetências aqui apresentadas depende de debates, conversas, troca de opiniões divergentes, discussões, focalização de objetivos que apresentem desafios interessantes para os alunos. Nesse processo de interação, participação e troca de experiências há um crescimento significativo do senso crítico, o que favorece a consolidação da cidadania, da identidade e impede a dominação ideológica e simbólica. Um exemplo de captação da atenção dos alunos para uma atitude de motivação, recorrendo a filmes, pode ser na apresentação da animação:
The Art of Survival
Esta animação retrata um camaleão-aluno que na sala de aula - na floresta - está desatento e não presta atenção aos ensinamentos do camaleão-professor. Depois de não conseguir a mutação de cor, ensinada pelo professor na aula, o camaleão tem o pensamento de buscar alternativas no momento em que uma águia está pronta para o ataque. Amarelo (deveria estar verde igual às plantas), o camaleão-aluno encontra a alternativa de saltar para cima de um autocarro escolar da mesma cor. Segue então para o meio urbano e é descoberto por um artista plástico que, com as percepções da mutação diferenciada, faz obras de arte com as imagens que vê e torna o camaleão celebridade.
Assim como o camaleão, os estudantes terão de se deparar com diferentes habitats e situações.
Referências:
http://revistas.udesc.br/index.php/udescvirtual/article/viewFile/1652/1330
http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/3sf.pdf
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